sede de viver

Vivemos aos trambolhões. Apegamo-nos ao riso e às coisas banais porque são as únicas coisas que não nos ferem realmente. Negamos a nossa essência porque o real não só é perigoso como assusta. E andamos pela vida cambaleantes, entre o sentido amplo de ser e o ser meramente por sobrevivência, em busca do aumento de gargalhadas ou sorrisos, ainda que artificiais, que nos enchem um bocadinho. Essa felicidade feita engana a alma como a água engana o estômago. Sobrevivemos sem a nossa proteína densa e muito, muito, individual. Mas viver com toda a plenitude não implica apenas água enganadora, nem vitaminas ingeridas às vezes. Viver implica uma demonstração do que nos faz vazios para que nos preencha. A essência do nosso ser foi enganada por nós, tantas vezes que se vingou e esburacou-nos por dentro. 
A única maneira de a resgatarmos é aceitá-la, interioriza-la, mostrá-la, vivê-la.


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