Viver não é ser menos ou
mais que alguém
Viver é ser-se
Ser a alma que nos pertence
E o corpo que aquece
E ser o que se quiser
Desde que seja algo nosso.
Sou um cigano maltrapilho
Que quer saltar por cima da
sombra
Um gato que não cresce
E uma folha que não faz
barulho
Quando bate no chão.
De todas as vãs coisas no
mundo
Sou os silêncios e as
esperas
Sou o quase qualquer coisa
Uma comparação precipitada
Sem música de fundo
E uma lágrima despida
Que me resfria e limita.
Antes preferia a indecisão
A ser algo a metade.
Estou cheia de defeitos que
são antónimos do que os outros têm de bom
E até as qualidades
São boas a meio gás
Porque há sempre alguém que
tem o depósito mais cheio.
Não quero ser melhor
Para ser mais do que uma
nota elevada
Ou uma palavra bonita
Quero ser melhor por e para
mim.
E enquanto for as migalhas
Viverei assombrada por
Espetros negros
Que nem a mim me pertencem.
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