desencaixes

O chão é um amigo antigo num reencontro que sente um carinho familiar entre a distância. O céu é um animal de estimação que se afeiçoa aos novos donos e estranha os velhos. As flores são seres místicos embalsamados em rochas partidas, e o mar... O mar é uma conversa em família ao jantar que rebola por entre o mimo e o desconforto. Eu sou um apaixonado que não se lembra do sabor dos beijos roubados, nem dos olhares ternos, cintilantes quais estrelas numa noite de Verão.
As pontas da forma foram-nos limadas corajosamente e já não encaixamos no puzzle feito sem falhas. Forçamos a nossa adaptação ao tabuleiro e falhamos. As peças já não são harmonia e precisão.
Instala-se o caos. Sentimos mas a emoção voa-nos das palmas e as permas tremem-nos sem cessar. Não podemos nem andar nem parar. Somos mais quando não sabemos. Encaixamo-nos melhor na confusão e não ficamos menos corrompidos por isso.

1 comentário:

  1. Criamos as rodas dentadas que nos permitirão encaixarmo-nos lá mais adiante. Mas nunca nos apercebemos disso nos momentos em que o fazemos. Nem podemos (se calhar é melhor assim). Enquanto tal não acontece, o puzzle parece-nos tão estranho como se vestíssemos roupas que não são nossas.

    bj.

    ResponderEliminar