nunca



Berramos, gritamos, esperneamos 
Choramos, suspiramos 
 Não paramos nunca 
Nunca 
Mesmo nunca 

Queixamo-nos também 
Também e sempre 
E não paramos nunca 
Nunca 
Mesmo nunca 

Fazemos tanto que se torna todo 
Nada dizemos para não parecer mal 
Ignoramos, fingimos 
E não paramos nunca 
Nunca 
Mesmo nunca 

Somos ondas revolucionárias 
Cortamos o mar com raiva do céu 
Somos parvos, vamos sendo 
E não paramos nunca 
Nunca 
Mesmo nunca 

Navegamos por silêncios e esmagamos sons suaves 
Não queremos saber 
E não quisemos nunca 
Nunca 
Mesmo nunca 

Não quisemos nunca mas deviamos querer agora 
É tempo de mergulhar nas volúpias densas do ser 
Mas não queremos nunca 
Nunca 
Mesmo nunca 

Depois dói-nos no peito por não querer 
E nem assim nadamos até ao Sol 
E não queremos nem nadamos nunca 
Nunca 
Mesmo nunca

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