andaimes e vésperas

Não fica assim. Isto não fica, de todo, assim! Ainda tenho mais para dar do que até eu mesma julgo. Sirvo-me desta inevitabilidade que adquiro por equiparação quando eu não sou nenhuma outra para além de mim mesma. De mim mesma! E eu esqueço-me disso constantemente; sou a vergonha das consciências todas quando me esqueço disso mesmo e me deixo estar calada e estagnada.
Deve haver mais e pior na vida do que isto, do que a indecisão, o medo e a confusão. E que impressão que me faço ao deixar-me ficar por aqui, ao deixá-los ficarem-se por aqui. 
Por que razão não lhes dou os berros, os mesmos que me dou a mim mesma, quando me dizem o mal todo que têm na pele? Porque é que os deixo estar e, quando é comigo, não perco tempo a mergulhar em críticas, com o pretexto falso de serem construtivas? 
Vejo a solução no final do horizonte e falho em alcançá-la por causa deste medo que me foi transmitido involuntariamente. Eu nunca o quis, nem o quero! Porque o tenho? Porque o guardo?
Um dia organizo-me com as minhas cordas vocais e faço uma revolução. Vai durar exatamente três minutos, que é o tempo suficiente de alguém, que não eu, irromper no choro compulsivo que há tanto tempo merece.
Se me quero a mim não posso atenuar as coisas que penso e sinto. Isso seria ser desonesta comigo mesma. É preciso que eu admita até os mais maldosos pensamentos e que erre o suficiente, nem que seja para perceber que não quero ser o erro. E eu não quero ser o erro. Mesmo.
Como alguém muito me dizia: Upa! Para cima! 

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