complexidades do meu próprio ser

Sei que o céu é azul, que a cor vermelho é aquela que tinge as rosas, que quando falo mexo a boca e a língua. Sei?

Nada sei, absolutamente nada. Tudo o que é factos aqui, noutro lado é estupidez. Falamos a nossa própria língua, as nossas ideias, aquilo que nos ensinam e nos foi impingido. Corremos sempre o risco de termos sido induzidos em erro. E se a palavra mesa quiser dizer chapéu em Marte? E se, sorrir, for chorar?

Razão sei que a tenho e pararei desde já de concluir coisas óbvias. Óbvio, porque falamos em palavras. E agora sentimentos? A coisa complica.

O engraçado é que os sentimentos são o que de mais puro há em nós. O amor tem algo de ódio, o ódio tem algo de amor. E o que interessa não é a palavra, é aquela sensação que pensamos estar a sentir. Ou que estamos realmente a sentir.

Tanto quanto me foi dito, supostamente, eu sei, que a palavra é a nossa forma de expressão mais comum e óbvia. Mas a palavra é algo tão subjectivo e maleável. Estarei apenas a tentar agradar alguém? Estarei a ser sincera?

Nada me vale questionar o meu próprio ser, mas faço-o continuamente. Foi assim que cresci e que cheguei às minhas conclusões. Foi assim que comecei a divagar sobre esta estupidez…

E repito, outra vez, o que são as palavras? Serão aquilo que queremos realmente dizer ou aquilo que precisamos de dizer?

Dependendo de cada um, mas perdoem-me estar a generalizar, todos somos um pouco desonestos. Ninguém diz tudo o que pensa, nem a pessoa mais desinibida do Mundo. Quem elimina o pensamento expondo-o na totalidade cá para fora, está a matar a sua própria alma. A nossa alma é aquilo que somos, tanto quanto supostamente sei. O pensamento é o que somos. Quase completamente o que somos...

Quem diz tudo o que pensa, tira do pensamento a sua essência, a sua exclusividade e o que de tão especial lhe foi adquirido. Adquirido por cada um, porque hoje em dia, que é o pensamento? Algo tão obviamente incógnito que não merece ser questionado? E se merece que nos perguntemos o que estará o outro a pensar, somos apenas egoístas. Guardamos o que é nosso para nós, exigimos o que é dos outros, para nós também.

Ao questionarmos alguém estamos a questionar-nos a nós.

Se eu posso pensar isto sobre ele, ele poderá pensar algo do género sobre mim. Será que o pensa?

E lá estamos nós amuados, irritados, oprimidos, renegados e dobrados nas nossas próprias dúvidas e inseguranças que nos tanto caracterizam.

Somos uns seres injustos e incompreensíveis. Porque no dia que alguém nos compreender, está a duvidar de nós. Por isso é que o sentimento é tão importante. Se estiverem a sentir o mesmo, concordam connosco. Mas como o pensamento é incógnito e as palavras maleáveis… Resumimo-nos à confiança. E àquilo que vemos. Cremos naquilo que vemos…

Por isso o céu é azul e as rosas vermelhas, e eu mexo a língua e a boca para falar.

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